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Em intercâmbio, aluna do Célia Helena participa de musical na Espanha

Cora Valentini aproveita o primeiro semestre de 2018 para estudar no Transforming Arts Institute, em Madrid

Aluna da faculdade de teatro do Célia Helena, Cora Valentini vive, há pouco mais de 20 dias, uma experiência única: está apenas no início dos seis meses de estudos no Transforming Arts Institute (TAI), na Espanha. Escola parceira do Célia, o TAI oferece cursos de teatro, fotografia, cinema, dança e artes plásticas.

A escolha de Cora tem relação com suas próprias raízes. Em dúvida entre o TAI e a portuguesa Esmae — que atualmente recebe três alunas do Célia —, resolveu se aventurar na terra de seus bisavós. Essa não foi, no entanto, a única motivação. “O Instituto é bastante moderno e tem uma pegada mais voltada para séries e filmes”, diz Cora. “Muitos dos professores se envolvem com séries da Netflix.”

Apesar da atração por trabalhos de câmera, Cora acabou seguindo por outro caminho. Atualmente, se prepara, junto à sua turma, para atuar em um musical. “É uma peça que tem bastante da cultura popular da Espanha, da sua relação com Cuba, da guerra. É bacana porque, apesar das raízes espanholas, cresci no Brasil e não aprendi muito da história desse país.”

Trata-se da adaptação do texto “Las Galas del Difunto”, um clássico espanhol de autoria de Ramón María del Valle-Inclán. Publicada em 1926, a obra integra a trilogia “Martes de Carnaval”. O enredo aborda a relação de uma prostituta com um ex-combatente da Revolução Cubana e, em meio aos acontecimentos da trama, expõe nuances da história das duas nações.

Cora, à esquerda, em sala de aula: aprendizado com colegas espanhóis e latinos – FOTO: ACERVO PESSOAL

Por ser cantora, Cora se diz muito feliz em estar no projeto do musical. O trabalho, porém, é intenso. “Tem bastante movimento, tem coreografia, que é algo que eu ainda não tive a oportunidade de treinar no Célia”, diz. “Tô ralando, mas tá indo bem.”

Para ela, os dois anos já concluídos da graduação no Célia proporcionaram uma ótima base para aproveitar ao máximo a experiência na Espanha. “Fui preparada de diversas maneiras para o intercâmbio”, comenta. “As aulas teóricas de história do teatro foram ótimas, converso com os alunos europeus e vejo que tenho uma referência do teatro mundial que eles também têm, então não tem muita diferença entre mim e eles.” Cora também destaca a importância das aulas de expressão corporal. “Tenho uma boa percepção do meu corpo, entendo quais são as necessidades dele e o que as cenas me exigem. Isso me deixa mais tranquila nas aulas em Madrid.”

A expectativa da aluna para o intercâmbio é, principalmente, fortalecer a habilidade de análise de texto, o que se torna especialmente complexo quando se estuda em outro idioma. As leituras cuidadosas já começaram, visto que Cora auxilia na adaptação, para o musical, de um texto clássico espanhol.

Como boa intercambista, a artista não apenas aproveita para assimilar os aprendizados no TAI, mas leva à Espanha os conhecimentos adquiridos no Célia. Um exemplo disso é sua relação com o teatro latinoamericano, tema bastante abordado em aulas na instituição brasileira. “Tenho visto que as peças espanholas são diferentes das latinas. São muito mais antigas, têm bastante tragédia e romance. Ainda assim, consigo ver as influências que a Espanha tem no teatro latino”, conta, afirmando que, ao voltar para o Brasil, espera ter a oportunidade de relacionar as duas linhas teatrais.

Cora (à frente) se diz bem recebida pelos colegas, que indicam peças a assistir em Madrid – FOTO: ACERVO PESSOAL

Em parceria com uma colega venezuelana, Cora pretende fazer uma apresentação para os outros alunos do TAI. A ideia é que ambas cantem, juntas, uma música latinoamericana.

No tempo livre, a aluna procura seguir as dicas dos colegas do curso de teatro e de outras áreas. O foco, claro, é nas produções locais. “Fui em uma peça dentro de uma casa, um espaço diferente e menor. Mas aqui também tem grandes produções mais comerciais, grupos pequenos que batalham bastante e fazem arte pela arte, não pelo dinheiro”, conta.

A integração com os colegas, aliás, tem sido fácil e proveitosa. “Fui bem recebida e logo pensei ‘que bom que eles foram tão receptivos quanto o Célia é!’”, diz. Para Cora, as saudades das aulas e colegas no Brasil permanecem, mas o contato com a cultura espanhola a agrada. “Sinto que fiz uma ótima escolha.”

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